O Tribunal Superior Eleitoral realizou ontem o encontro “Democracia: substantivo feminino”, dedicado a discutir igualdade de gênero, ações afirmativas e estratégias de enfrentamento às diversas formas de violência contra mulheres. As discussões, que ocorreram na sede do TSE, ganham especial relevância nesta terça-feira, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, reforçando o papel do Poder Público na construção de políticas efetivas e na escuta qualificada da sociedade civil.
Na abertura, a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, fez um chamado direto à transformação social.
“Quando uma mulher sofre violência física, moral ou simbólica,todas nós sofremos”, afirmou. Para a magistrada, a democracia brasileira permanece incompleta enquanto persistirem desigualdades e agressões de gênero. “Não há democracia com discriminação, desigualdade e violência”, disse.
A ministra ressaltou que o encontro foi pensado para dar protagonismo às mulheres.
“Hoje o poder é do povo. E a mulher é o povo. Este espaço existe para que as mulheres falem, proponham e construam. Juntas, somos mais fortes pela democracia que queremos”, destacou.
*Conceitos, preconceitos e novas ações afirmativas*
A primeira roda de conversa tratou de conceitos e preconceitos explícitos e ocultos, reunindo a ministra Macaé Evaristo, a deputada federal Benedita da Silva e a jornalista Flávia Oliveira. A mediação foi conduzida pela ministra Vera Lúcia Santana Araújo.
Macaé Evaristo enfatizou que a presença feminina nos espaços de decisão é condição para a construção de um país mais digno e seguro.
“Que as mulheres não precisem dormir com o inimigo dentro de casa. Transformar esse mundo depende da nossa ocupação de todos os espaços de poder”, afirmou.
Benedita da Silva encerrou o painel com uma reflexão sobre democracia e inclusão:
“A política de cotas denuncia a fragilidade de uma democracia que ainda não representa sua maioria,mulheres e pessoas negras. Representação não é concessão, é direito.”
*Representatividade e enfrentamento da violência política*
A deputada Soraya Santos destacou que mulheres são 52% da população, mas ainda tratadas como exceção.
“Somos maioria, não cota”, afirmou. Segundo ela, o Judiciário foi decisivo no aumento da presença feminina no Parlamento, mas a violência política continua afastando vereadoras, prefeitas e deputadas do exercício pleno de seus mandatos.
“Eleger mulheres não basta. É preciso garantir que exerçam o mandato sem medo, intimidação ou ataques.”
*Programação focada na escuta e na ação*
O encontro reuniu mulheres de diferentes áreas para debater igualdade, violência política, ações afirmativas e o futuro da democracia com perspectiva de gênero. A programação marcou também o início dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, integrando a agenda do TSE com movimentos nacionais e internacionais.


