A advogada criminalista Danuskia Abade chamou atenção para um fenômeno que tem se tornado recorrente nas delegacias e nos tribunais: o aumento de golpes que utilizam dados pessoais das vítimas para gerar sensação de urgência e induzir tomadas de decisão precipitadas. Segundo ela, essa nova fase do estelionato digital explora o medo, a pressa e a falta de verificação imediata.
“O criminoso atual não precisa mais inventar longas narrativas. Ele chega com seu nome completo, CPF ou parte do seu histórico, e isso já cria um ambiente onde a vítima acredita que está diante de alguém legítimo. É a manipulação psicológica em seu estado mais puro”, destacou, em conversa com o Jus.
A criminalista explica que a maioria desses golpes ocorre por mensagens de WhatsApp, ligações telefônicas e perfis falsos. Em muitos casos, os estelionatários simulam cobranças, ameaças jurídicas ou supostos débitos inexistentes para pressionar a vítima a pagar imediatamente.
“Eles sabem que, quando você está com medo, você não pensa. E é exatamente essa brecha que eles exploram. O ataque é rápido, direto e emocional”, disse.
Danuskia reforça que, embora a tecnologia tenha facilitado a prática criminosa, a prevenção ainda depende de atitudes simples. “A primeira regra é nunca agir sob pressão. Nada que seja legítimo exige pagamento instantâneo, transferência urgente ou sigilo absoluto. Qualquer mensagem com esse perfil já é motivo para desconfiar”, orienta.
A advogada também alertou que muitas vítimas têm receio de procurar a polícia por vergonha ou por acreditar que nada pode ser feito, um erro comum que, segundo ela, ainda contribui para a impunidade.
“A pessoa chega no escritório achando que não tem solução, mas tem. Registrar ocorrência, reunir prints, comprovantes e agir rápido aumenta a chance de identificar os autores ou ao menos bloquear movimentações financeiras. Golpe é crime, e denunciar faz diferença”, concluiu.


